sábado, 30 de novembro de 2013

Seu filho precisa mesmo ser tão feliz?

(Texto de Cris Leão)


No meu tempo de criança, os pais eram pessoas esforçadas pelo sustento da família. Com ostentação ou sem, as pessoas eram mais preocupadas com o trabalho do que com ser feliz. Talvez por isso, já que filhos querem sempre fazer tudo diferente dos pais, agora todo mundo quer fazer o filho feliz, acima de tudo. Isso explica os valores escandalosos que são pagos hoje em dia por uma festa de aniversário, a quantidade de brinquedos que as crianças têm e o número enorme de brasileiros indo para a Disney, às vezes para passar o final de semana. Claro que existe a culpa de muitos pais que trabalham demais e tentam compensar os filhos de alguma forma. Mas, reflexo da culpa ou não, as crianças de agora nasceram para ser felizes. Será que está certo isso?

Vamos lembrar da nossa infância. Eu, pelo menos, era muito feliz. Brincando com minha amiga que morava na casa ao lado, passávamos horas penteando o cabelo uma da outra, ou fazendo comidinha com as plantas do jardim.

A maior aventura de que me recordo era brincar de pega-pega com o meu cachorro. Muito básico para você? Acontece que meu cachorro se transformava em uma onça que na verdade era uma Medusa, então, em um simples olhar, ele poderia nos transformar em pedras. Por isso estávamos sempre equipadas com frascos vazios de shampoo cheios de água que explodiam como granadas quando caiam no chão. Pois é, criança vem com imaginação de berço, por isso não precisa ir até Orlando ver os espetáculos de fogos de artifício para ficar maravilhada.


Aliás, cá entre nós, já estive na Disney 3 vezes (2 em Orlando e 1 em Paris) e nunca vi tanta criança triste em um parque: chorando, cansadas, angustiadas, com as mães e os familiares estressados. Claro, já viu o tamanho do lugar? E a quantidade de informação? E de sorrisos maquiados, brilhos, alegria explosiva? Gente, somos humanos! Isso não é um filme, é vida real. Não somos super heróis, nem princesas. Seu filho vai comer aquela salsicha processada junto com aquele pão velho de uma lanchonete linda com várias coisas girando, e pode ser que passe mal. E ai? Não! Não pode passar mal na Disney. Tem que curtir! Tem que ser feliz!

Eu trabalhei para a Disney traduzindo todos os materiais para português durante 4 anos. Sou encantada com a empresa e com o negócio em si, gosto de ir porque moro a 300 km de distância. Temos o passe anual, então é um programa barato em um lugar super organizado e bonito na maioria das vezes. Só estou usando de exemplo porque sei que é uma viagem muito cara para se fazer do Brasil, mas isso não está impedindo cada vez mais brasileiros de fazerem. Minha pergunta usando este exemplo é: será que precisamos fazer tanto pelos nossos filhos? (Viagem de 8 horas de avião, filas intermináveis, quilômetros e mais quilômetros de parque de diversão.) Eu suponho que não. E que está errado os pais sentirem que são responsáveis por fazer dos filhos pessoas felizes. De onde tiramos essa ideia maluca?

O que eles precisam na verdade é de adultos para educá-los. E como adultos, é claro que estamos ocupados com a família, com o trabalho, com as funções da casa... Se nessa lista somarmos “a felicidade do(s) meu(s) filho(s)”, alguém vai ficar muito sobrecarregado e frustado. Talvez seu filho, talvez você, talvez todo mundo. É chato tentar e não conseguir. Já pensou como sentem os pais que pagaram a viagem em 6 vezes, passaram 8 horas na lata de sardinha, mais 1 hora em um brinquedo se o filho sair do brinquedo chorando?

Uma vez eu li o livro Encantador de Cães e fiquei fascinada com o raciocínio simples que o genial Cesar Millan escreve ali. Ele diz que cães só vão obedecer quem eles respeitam. E para ganhar respeito, é preciso ser a autoridade, é preciso colocar ordem antes do amor. Agora, tente trocar a palavra “cães” por “filhos”, dá no mesmo. Autoridade é o contrário de democracia. Os pais não podem estar sempre abertos: “o que querem comer, o que vamos fazer hoje, onde vamos passar as férias”. Entendem como é complicado para a criança ouvir isso? Sentir que não existe uma ordem. Ela, no auge dos seus 4 anos (ou por volta disso), é que precisa saber, querer e lidar com seus desejos. Meu Deus, está tudo errado ai! No meu tempo de criança, minha mãe interrompia a brincadeira trazendo uma bandeja com uma limonada fresca e biscoitos Maria. Sempre que me lembro dessa cena (que aconteceu várias vezes), ela aparece iluminada como uma fada. O que eu sentia era: Nossa, ela é mágica! Como ela sabe que estamos com fome e com sede? Teria sido bem diferente se ela tivesse aparecido e perguntado: Querem lanchar? Vão querer sorvete ou pode ser biscoito mesmo? Estava pensando em fazer uma limonada, vocês vão beber? Ou é melhor eu trazer um suco de uva?


Infelizmente, não estou escrevendo isso porque já aprendi a lição depois de ler o livro. Estou tentando aprender. E só estou escrevendo sobre isso porque descobri que tenho errado bastante. Desde que nos mudamos para Miami, fico com pena e compaixão por qualquer expressão de sofrimento que meus filhos tenham porque sei que é difícil para eles, e até me esqueço que é difícil também para mim. Minha vida mudou completamente, mas nem me lembro disso. Só penso neles. A consequência? Minha filha de 4 anos cada dia faz uma coisa para me irritar, e então percebi que ela está fazendo isso porque eu a estou irritando. E por quê? Porque estou aberta todos os dias para ouvir, para entender o lado dela. Não parece errado a princípio, certo? Mas está errado.

Criança precisa de adulto, alguém que tenha um norte, e ela acompanha o caminho, frustando-se, entendendo seus limites e entendendo, porque não, que a vida não é um parque de diversões cheio de pessoas fantasiadas sorrindo para você o dia todo. A vida é para evoluirmos! Vamos tentar evoluir como pais antes que eles cresçam. Já pensou como deve ser frustante a adolescência de uma criança que sempre teve uma, duas, ou mais pessoas prontas a atender seus pedidos? Como deve ser difícil perder para um adulto que passou a infância sempre ganhando, nem que seja às custas de 12 sofridas prestações para os pais?

Educar dá mais trabalho do que servir o sorvete antes do jantar, já que seu filho está querendo tanto. Educar envolve mais compromisso do que pagar as 6 parcelas da viagem mágica. Educar é coisa de gente grande! Deve ser por isso que crianças não podem ter filhos. Porque filhos precisam de adultos. Parece que esse é o grande problema da minha geração, não queremos ser adultos. Outro dia vi um post sobre a crise dos 25 anos. Levei o maior susto! A maioria das pessoas que conheço estão nessa crise aos 35 (ou mais). Está na hora de dar esse passo: Parar de focarmos só na diversão e na felicidade e evoluirmos, amadurecermos. Todo grande passo na vida acontece quando a gente faz aquilo que é desconfortável. Já aprendemos muito sobre diversão e entretenimento, que tal agora aprendermos a viver?



quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Do sonho à realização


"Tudo começa com o sonho, que é a face visível do desejo de Deus. 
Possuído pelo sonho, o homem trabalha... 
E do trabalho a obra nasce! 

Todas as obras nascem do sonho... 
Primeiro o sonho do jardineiro, depois o jardim. 
Primeiro o sonho do grafiteiro, depois o grafite. 
Primeiro o sonho do padeiro, depois o pão. 

A obra pronta é fascinante! 
Ela faz parar o pensamento... 
Mas, passado o momento de encantamento, a inteligência se impõe. 
Ela deseja entender...

Quis então sonhar o sonho do qual o Aprendiz nasceu..."

(Rubem Alves in Aprendiz de Mim)








sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Prévia do Balanço de 2013


"Esse ano parece que viajei por mil lugares!
Tanta coisa nova que eu tive que aprender no susto... 
E tanta gente que não compreendeu que era susto...
Mas tive postura de gente grande 
e o olhos curiosos como de criança... 
E isso me deixou mais em paz comigo... 

Porque no meio de muita coisa que saiu errada... 

Eu saí certa!"

(Adaptado do texto de Nívea Flor)





quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Viajar é colher momentos...


Composição: Flávio Venturini e Ronaldo Bastos (1995)

Nuvens by Flávio Venturini on Grooveshark
(Aperte o play para escutá-la.)
(...)
As minhas canções inacabadas
vão ficar como folhas no vento...
Cruzes na beira da estrada,
quando cessar em mim a energia,
o movimento.

Mais do que cruzes, pousada.
Mais do que abrigo, alimento.
De uma aventura desenfreada,
da minha breve estada,
são os melhores momentos...

Viajante, 
não lhes peça nada 
além de esperança e alento...
São folhas, são cadernos, são palavras,
são indecifráveis madrugadas...
Deixe-as seguir no vento.


Tudo que faz o amor valer
faço virar canção...
(...)


Diamantina/MG





LEVE a vida LEVE


 "Abençoadas sejam as surpresas risonhas do caminho...
As belezas que se mostram sem fazer suspense...
As afeições compartilhadas sem esforço...
As vezes em que a vida nos tira pra dançar sem nos dar tempo de recusar o convite...

As maravilhas da natureza, sempre surpreendentes, à espera da nossa entrega apreciativa...
A compreensão que floresce, clara e mansa, quando os olhos que vêem são da bondade.

Abençoados sejam os presentes fáceis de serem abertos...

Os encantos que desnudam o erotismo da alma...
Os momentos felizes que passam longe das catracas da expectativa...
Os improvisos bons que desmancham o penteado arrumadinho dos roteiros da gente...
Os diálogos que acontecem no idioma pátrio do coração.

Abençoada seja a leveza, meu Deus!

Abençoadas sejam as dádivas generosas que vêm nos lembrar que viver pode ser mais fácil...
Que dá pra girar o dial...
Que dá pra sair da frequência da escassez e sintonizar a estação da disponibilidade, onde alegrias já cantam, mas a gente não ouve.

Abençoadas sejam as dádivas que vêm nos lembrar, com alívio, que há lugares de descanso para os nossos cansaços...
Que há lugares de afrouxamento para os nossos apertos...
Que dá pra mudar o foco...
Que não é tão complicado assim saborear a graça possível que mora em cada instante.

Abençoadas sejam as dádivas generosas que nos surpreendem!
Elas não sabem o quanto às vezes, tantas vezes, nos salvam de nós mesmos.”

(Ana Jácomo)







segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Traduza-se


"Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, 
tu que estás numa cela abafada, 
esse ar que entra por ela. 
Por isso é que os poemas têm ritmo 
- para que possas profundamente respirar. 

Quem faz um poema salva um afogado."

(Mario Quintana)

Emergência em Apontamentos de História Sobrenatural





sábado, 16 de novembro de 2013

Saudades do Mar...


Hoje acordei com saudades do mar...

Água salgada, água de coco, água de chuva...
Onda que quebra, brisa que passa...
Protetor solar, maresia, paladar...
Pés na areia, sol de fim de tarde, sombra de árvore...

Sentidos atentos,
Ausência de relógio,
Bate-papo sem cronômetro,
Tempo vaga sem compromisso...

Abri a janela e olhei o asfalto:
"Como vim parar aqui?"
Como se aqui não morasse...
Como se aqui não tivesse nascido.

O tempo passa e não nos damos conta.
Há tempos caminhei sobre a areia.
No que pensava? Com o que sonhava?

Deixei ali os sentidos,
Assumi o cronograma,
Prometi voltar...

Hoje acordei com saudades de mim...

(@fisiotur)



***
"Mãe, o que é que é o mar, Mãe?"
Mar era longe, muito longe dali, espécie duma lagoa enorme, um mundo d´água sem fim...
Mãe mesma nunca tinha avistado o mar - suspirava.
"Pois, Mãe, então mar é o que a gente tem saudade?"

(Guimarães Rosa)
*** 


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Eu sei, mas não devia...

(Marina Colasanti) *


"Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. 

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. 

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração. 

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. 

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez paga mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. 

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. 

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta. 

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado. 

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida... Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma."





Texto na voz de Antônio Abujamra



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Texto extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.

*Marina Colasanti nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zooilógico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado. Escreve, também, para revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.



sábado, 9 de novembro de 2013

Encerrando Ciclos

(Gloria Hurtado)

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? 
Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? 
A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? 

Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. 

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. 

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.




quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Sutileza

"Para se roubar um coração, 
é preciso que seja com muita habilidade! 
Tem que ser vagarosamente... 
Disfarçadamente... 

Não se chega com ímpeto. 
Não se alcança o coração de alguém com pressa.

 Tem que se aproximar com meias palavras, 
suavemente, 
apoderar-se dele aos poucos, 
com cuidado... 

Não se pode deixar que percebam que ele será roubado. 
Na verdade, teremos que furtá-lo docemente... 

Conquistar um coração de verdade dá trabalho, 
requer paciência... 

É como se fosse tecer uma colcha de retalhos, 
aplicar uma renda em um vestido, 
tratar de um jardim, 
cuidar de uma criança... 

É necessário que seja com destreza, 
com vontade, 
com encanto, carinho e sinceridade."


(Texto de autoria desconhecida, 
comumente atribuído a Luís Fernando Veríssimo.)



quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A paz que eu preciso...


"Casas entre bananeiras, 
Mulheres entre laranjeiras, 
Pomar, amor, cantar. 

Um homem vai devagar... 
Um cachorro vai devagar... 
Um burro vai devagar... 
Devagar, as janelas olham.

Êta vida besta, meu Deus!" 

(Carlos Drummond de Andrade)

Cidadezinha Qualquer - Do Livro Alguma Poesia.


Mariana/MG
Fotografia: @fisiotur

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