quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Proatividade...


"Para se fazer o bem, é preciso ter boa vontade.
Para não se praticar o mal, basta, na maioria das vezes, a inércia."

(Evangelho segundo o Espiritismo)




quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Reciprocidade...



Provação


Quando nem se queria, 
Vem o fim e se abrevia... 
[...] 
Ao Pai, fidelidade...
Fé, esperança, amor... 
Um oásis de amenidade 
Há no deserto da dor.
[...] 
Ama, espera, confia: 
Finda a noite, vem o dia!

(João Gimenez)



Invisível...


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Simpatia vs. Empatia



(Vídeo: Simpatia X Empatia)


De um modo geral, imaginamos que tanto a simpatia quanto a empatia possuem o mesmo significado. Isto não é verdade! 

A simpatia é comumente confundida com carisma. Diz-se que alguém é simpático quando é agradável, admirável, sorridente. Na verdade, uma pessoa é simpática quando consegue compreender e identificar as emoções e os sentimentos, positivos ou negativos, dos outros indivíduos. Ser simpático é uma forma de se relacionar. É uma capacidade que esta ligada ao encontro, ao primeiro momento, a um nível inicial de percepção.

Já a empatia é uma percepção “mais profunda”. Exige mais do que somente reconhecer o estado emocional do outro. É a capacidade de enxergar o que se passa no íntimo das pessoas, pensando como a outra pessoa pensaria, sentindo-se como o outro sentiria, e, principalmente, enxergando as situações e sentimentos exatamente como a outra pessoa os estão vivenciando, partindo do ponto de vista dela.

Ao desenvolvermos a empatia, conseguimos ter o real entendimento, a compreensão das idéias, dos sentimentos, das motivações e intenções dos outros. Mas como, de fato, conseguimos desenvolver esta capacidade? Libertando-nos da forma de pensar egoísta. Ter o pensamento egoísta significa querer entender o outro partindo unicamente do nosso próprio referencial. É querer entender o outro indivíduo a partir do que EU acredito ser certo. Apresentamos a tendência de pensar que as nossas opiniões, os nossos gostos, as nossas escolhas são sempre as melhores ou mais corretas – não só para nós mesmos mas para aqueles que estão a nossa volta.

Pensar de forma empática significa perceber a realidade do que é importante, significativo e sentido pelo outro, abrindo mão momentaneamente do nosso ponto de vista. Ao percebermos esta diferença, não ficamos amarrados em pré-conceitos, e perceberemos que algo que não é importante para mim, pode ser extremamente importante para o outro e motivo suficiente para levá-lo a determinada ação ou estado emocional.

Façamos essa experiência. Tentemos nos tornar mais empáticos com as pessoas e assim começaremos a perceber como temos muito o que aprender com as experiências delas. Assim, talvez, possamos também colaborar com elas de maneira mais eficaz.

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Fonte: Praticando a Psicologia. Texto de Kely Schettini (Psicóloga pela PUC-SP e Especialista em Psicologia Hospitalar pela Faculdade de Medicina da USP) com algumas alterações.





Para você que se recusa a desistir...


"Nós enfrentamos desafios desde o nascimento. Não é bobeira pensar que hoje você é muito mais forte do que era antes de passar por essas barreiras.

O sucesso não é fácil. Trata-se de tomar decisões complexas, errar, aprender e se levantar de novo. Você sabe o quanto você é incrível?

É com essa pergunta que o Weight Watchers da Austrália (Vigilantes do Peso) iniciou sua campanha. O objetivo é lembrar que cada um de nós é incrível a sua maneira; com suas conquistas e superações pessoais."



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Fonte: Awebic

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Coragem!


"Se fosse tarde demais para consertar as coisas,
você não estaria vivo...
Ainda há tempo!"



quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Você tem certeza que aquilo que deseja hoje te fará mais feliz amanhã?


Podemos solicitar benefícios terrenos e estes podem ser concedidos quando têm uma finalidade útil e séria. Mas, como julgamos a utilidade das coisas segundo a nossa visão imediatista limitada ao presente, geralmente não vemos o lado ruim do que desejamos. Se aquilo que pedimos não nos é concedido, não devemos nos abater. É necessário pensar, pelo contrário, que a privação nesse caso nos é imposta para nosso próprio aprimoramento, e que a nossa recompensa será proporcional à resignação com que a suportamos.

(O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVIII, item 26)





segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Qual é a sua causa?

Uma revista traz estampada em sua capa uma questão direta e provocante: Qual é a sua causa? Logo abaixo da pergunta tema da matéria principal, um pequeno texto explicativo:

Todo mundo pode fazer a diferença. E nem precisa mudar o mundo. As maiores lutas estão no dia a dia.

No corpo do periódico, o texto da matéria começa declarando:

Doar sangue, cabelo, alegria ou tempo. Resgatar a autoestima, um animal, um sonho ou uma vida. Conheça histórias de pessoas que descobriram diferentes razões para viver e uma mesma felicidade – a de ajudar.

Logo em seguida, lemos diversos relatos de pessoas e suas causas nobres. Algumas muito singelas, mas todas extremamente importantes.

Uma mulher deixou o cabelo crescer e depois doou para pacientes em tratamento quimioterápico... Um homem liderou o projeto de tombamento do bairro onde nasceu e cresceu... Mulheres que, para defender a causa do parto humanizado tornaram-se doulas, ou seja, mulheres que dão suporte físico e emocional a parturientes... Um adolescente acompanha a mãe numa atividade de contar histórias, brincar e conversar com crianças carentes, filhos de dependentes químicos... E muitos outros vão surgindo, desenhando suas belas causas, produzindo como que uma pintura indescritível que só o bem é capaz de retratar.

Talvez possamos nos perguntar: Será que todos nós precisamos ter alguma causa? Não é suficiente apenas viver bem, amar, cuidar da família, respeitar o próximo? Para um grande número de pessoas, possivelmente sim, mas não sentimos dentro de nós uma vontade de fazer algo mais? Um vazio que, por vezes, nos desanima e não sabemos o que é?

Se já entendemos os propósitos da vida, será que não podemos fazer algo mais do que vimos fazendo? Não precisa ser nada grandioso, como afirma o próprio texto da reportagem. Pode ser algo em nossa comunidade, algo que faça de nós um agente de união, de civilidade, de bom senso.
O mundo precisa de líderes bons, que façam mais do que falem. Estamos cansados dos que falam, prometem, têm bela oratória e não honram seus dizeres. Queremos o silêncio das boas ações!

Assim, trazemos este suave convite: abracemos uma causa qualquer. Aquela com a qual mais nos identifiquemos. Entreguemo-nos a algo sem interesse próprio, doando nosso tempo, nossa energia, e descubramos o quanto isso pode fazer bem aos outros e a nós mesmos.

O gesto de levantarmos uma bandeira para defendermos uma causa em que acreditamos, verdadeiramente, nos enche de vitalidade, o coração bate diferente e nos inunda com saúde. Defender uma causa é dizer não à indiferença que teima em querer nos tornar zumbis da modernidade, repletos de informação, repletos de conhecimento, mas pobres no sentir.

Importemo-nos com algo. Importemo-nos com nosso próximo. Importemo-nos.

Qual é a sua causa?
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Redação do Momento Espírita, com base em reportagem de Helaine Martins, Carla Pimentel, Rafaela Carvalho, Carolina Muniz e Roberta Barbieri, da revista Sorria, de agosto/setembro de 2014.


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho. 
Cada momento mudei. 
Continuamente me estranho. 
Nunca me vi nem acabei. 

De tanto ser, só tenho alma. 
Quem tem alma não tem calma. 
Quem vê é só o que vê, 
quem sente não é quem é, 

Atento ao que sou e vejo, 
torno-me eles e não eu. 
Cada meu sonho ou desejo 
é do que nasce e não meu. 

Sou minha própria paisagem; 
Assisto à minha passagem, 
diverso, móbil e só. 
Não sei sentir-me onde estou. 

Por isso, alheio, vou lendo como páginas meu ser.
O que segue, não prevendo... 
O que passou, a esquecer. 
Noto à margem do que li 
o que julguei que senti. 

Releio e digo : "Fui eu ?" 
Deus sabe, porque o escreveu.

(Fernando Pessoa)



quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A espera do sobrinho: algo sobre certezas (*)

(Texto de Fabrício Veliq)




Certa vez conheci um senhor. Ele estava sentado debaixo de uma árvore esperando seu sobrinho. Era o por do sol e, por ter andado muito naquele dia, resolvi parar e sentar no mesmo banco que aquele senhor estava e descansar um pouco.

O senhor tinha um semblante calmo e sereno, um daqueles semblantes que encontramos entre as pessoas sábias. Começamos a conversar a respeito do tempo e da bela paisagem que havia se formado no horizonte naquela tarde. Depois, falou-me a respeito da espera do sobrinho, contou-me que o esperava havia 20 minutos e estava quase indo embora visto ele não ter chegado ainda.

Perguntei se ele havia marcado e se o sobrinho havia dado certeza que viria. Ao ouvir a palavra certeza, percebi que um pequeno sorriso estampou no rosto daquele senhor. Ele então me disse algo que sempre lembro quando ouço essa palavra. Suas falas foram:

“Sabe jovem, houve uma época em que eu buscava certezas em tudo que fazia.

Houve um tempo em que comecei a trabalhar em uma empresa de sapatos, porque tinha certeza que era o melhor emprego que poderia ter naquele momento, no entanto, percebi que o sapateiro ao lado da empresa tinha uma vida muito mais satisfatória que a minha consertando seus 10 sapatos por dia. Minha certeza a respeito do emprego foi se esvaindo.

Passado algum tempo, comecei a namorar uma menina, porque tinha certeza que era a pessoa certa. Ela trabalhava em uma boa empresa, tinha uma boa família, parecia demais comigo, gostava das mesmas músicas, programas, etc. Por tudo isso, tinha certeza. Pouco tempo depois, ela se desencantou por mim e pediu para que terminássemos o namoro, fazendo-me perceber que a certeza que tinha não era garantia de que daria certo aquilo que almejava.

Por fim resolvi fazer uma faculdade. Tinha certeza em minha mente de que queria ser biólogo. Afinal, sempre fui bom nas aulas do ensino médio e sempre tirava boas notas nas minhas provas dessa matéria, mesmo sem estudar tanto assim para elas. Começando o curso, percebi que não tinha muita coisa a ver com aquilo que pensava que seria. As aulas de anatomia não eram tão legais como achava que essa matéria era, as matérias não era tão fáceis como eu supunha baseado em meu ensino médio, o curso não me apetecia tanto a partir do 2º período e com isso, minha certeza do curso se foi.

Com essas simples experiências percebi que era ilusão procurar certezas nas coisas e nas escolhas que fazia. Todas as certezas que tinha antes de tomar as decisões se mostraram, posteriormente, errôneas. Decidi, então, dar um pouco mais de crédito aos meus olhos. Ouvi certa vez de um professor que nossos olhos não nos enganam e passei a atentar para isso e dar maior crédito ao que eles me mostravam. Percebi que meu professor estava certo. Podemos tentar enganar a nós mesmos dizendo que nossos olhos viram aquilo que gostaríamos de ver, contudo ser sinceros conosco implica em assumir o que os olhos viram, mesmo que não seja o que desejávamos ou idealizávamos.

Decidi agir com coragem. Mas não essa coragem que vemos nos filmes, que entra sem medo em tudo e não está nem aí para o que pode acontecer. Falo, meu jovem, da coragem em sua origem etimológica: aquilo que vem do coração. Decidi ouvi-lo mais, sentir mais e descobri que, em algumas questões, ele é o melhor guia para nossas decisões.

Desde então, parei de procurar certezas. Hoje, observo os indícios, vejo com olhar atento e enfrento meus medos com coragem.

Com diversas incertezas e vivendo com coragem, casei-me, criei meus filhos, formei em história, trabalhei em uma escola, decidi me aposentar, e hoje espero meu sobrinho, que por sinal, acaba de me mandar uma mensagem dizendo para esperar um pouco mais. Ele estava agarrado no trânsito.”

Depois daquele dia e dessa conversa, toda vez que ouço alguém me falando que tem certeza de algo gera em mim certo medo, pois tenho para mim que vivemos em um mundo de incertezas, desafios e constantes saltos em um escuro onde tudo o que possuímos é a esperança, sendo a certeza somente aquele assumir de que nada diferente pode acontecer a partir dali.

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(*)FONTE: Texto retirado do Blog Coisas de Veliq, em 22/10/2014, às 08:45. Recomendo a visita.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Deus te proteja

(Oração do Amigo)

Senhor, olhai pelo meu amigo!
Que as pedras sejam removidas do seu caminho,
Que tenha forças para carregar seus fardos,
Que encontre coragem para resistir ao mal,
Que possa ver o amor em todos os seres,
Que seja abraçado pela lealdade,
Que encontre conforto e saúde se estiver doente,
Que seja próspero e saiba partilhar,
Que tenha paz cobrindo seu espírito,
Que sua mente obtenha os conhecimentos,
Que use sabedoria para aplicá-los,
Que saiba distinguir o bem do mal,
Que tenha fé para manter-se forte na dor.

Senhor, olhai pelo meu amigo!
Protegei cada passo que ele der,
Que a cada novo dia ele compreenda o novo e
Que vos sinta em todos os momentos.

Amém!


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Amigo Velho Amigo...


Amigo velho,
Eu te desejo sorte...
Te desejo tudo de bom.
Tô com você até a morte!
Eu sei, você faria o mesmo...
Amigo, você faria o mesmo...
Eu sei, você faria o mesmo...

Amigo velho, 
Eu te desejo paz...
Desejo tudo de bom!
Acreditando cada dia mais...
Eu sei, você faria o mesmo
Se estivesse em meu lugar...
Amigo, você faria o mesmo...
Eu tenho alguém com quem contar!

Das histórias vividas com você...
E as risadas que ainda vamos dar...
Das batalhas vencidas sem saber...
Que ainda tinha uma guerra pra lutar.
Saiba que estou aqui quando sofrer...
Estendendo a mão pra te ajudar.

Eu sei, você faria o mesmo...
Amigo, você faria o mesmo...
Eu sei, você faria o mesmo.

Amigo velho...

(Falamansa)


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Amar o diferente...


"A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana dos quais só os diferentes são capazes. Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois". 
(Arthur da Távola)





quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O custo da oportunidade

(Paulo Brabo)*

"A primeira coisa é você não enganar a si mesmo; e ninguém você engana com mais facilidade do que a si mesmo."
(Richard Feynman)

Não enten­de­mos a realidade dire­ta­mente, mas inter­me­di­ada por discursos, pre­con­cep­ções e filtros – óculos ide­o­ló­gi­cos que deter­mi­na­das dis­ci­pli­nas chamam de modelos.Modelos con­cei­tu­ais explicam para nós a realidade mesmo quando não pensamos neles; na verdade, sua eficácia está ligada ao fato de que deter­mi­na­dos modelos nos parecem tão naturais que não requerem reflexão. Cremos que estamos olhando o mundo dire­ta­mente, e esque­ce­mos que estamos usando os óculos de deter­mi­nada ideologia.

Como com outras ide­o­lo­gias antes dele, no capi­ta­lismo está embutido um modelo de inter­pre­ta­ção da realidade – um modelo que nos vende uma deter­mi­nada noção do que é natural no ser humano, do que é justo nas relações entre as pessoas e do que é desejável nesta vida.

O pressuposto mais fundamental do modelo capi­ta­lista é o impe­ra­tivo da opor­tu­ni­dade, ou seja, a dupla crença de que [1] nenhuma pessoa racional irá des­per­di­çar uma opor­tu­ni­dade que envolva uma recom­pensa, e de que [2] quando indi­ví­duos não des­per­di­çam opor­tu­ni­da­des legítimas a cole­ti­vi­dade inteira sai ganhando.

O capi­ta­lismo delineou, com esse dogma, o projeto do homem econômico, que toma decisões livres e racionais com base num único item de fé: opor­tu­ni­dade é valor. Opor­tu­ni­dade é uma coisa ine­ren­te­mente boa. Opor­tu­ni­dade é um impe­ra­tivo cate­gó­rico. A uma boa opor­tu­ni­dade não se diz não.

Para o capi­ta­lismo, o modo de operação mais fun­da­men­tal do ser humano é a asserção: ser gente humana é dizer sim a toda boa opor­tu­ni­dade. Ser gente é procurar e adotar modos de maximizar os nossos retornos pessoais, e nisso se explica que gastemos tempo, orga­ni­za­ção e recursos de modo a aumentar a pro­du­ti­vi­dade da nossa mão de obra e da dos nossos subordinados.

Nessa visão de mundo não só o mundo está cheio de opor­tu­ni­da­des, mas abrir mão delas é um enorme con­tras­senso. Se você tiver como aumentar a sua pro­du­ti­vi­dade e por con­se­guinte os seus lucros, é isso o que você natu­ral­mente vai querer fazer. Diante de ofertas de trabalho, você vai aceitar a que lhe der maior retorno pelo esforço empregado. Se puder consumir mais, você não vai querer consumir menos. Se puder ter legi­ti­ma­mente carros, amantes e bens, você não vai querer ser um monge fran­cis­cano. Se puder calçar couro alemão, não vai querer andar descalço. Se estiver de posse de um anel mágico que concede ao seu portador poderes ili­mi­ta­dos, não vai querer jogá-lo dentro do único vulcão na terra capaz de destruí-lo. Se puder morder o fruto da árvore que o deixará em pé de igualdade com Deus, não vai pedir em vez disso uma salada de rúcula com tofu.

O modelo capi­ta­lista crê que o homem é livre para escolher qualquer coisa,menos deixar passar uma opor­tu­ni­dade. Nesse modelo, oferta equivale a demanda: a pessoa que pode se bene­fi­ciar de uma deter­mi­nada con­fi­gu­ra­ção de cir­cuns­tân­cias vai inva­ri­a­vel­mente querer apropriar-se desses benefícios.

Como resultado, o capi­ta­lismo não tolera e não reserva espaço para o indivíduo que sabe por alguma razão abdicar de uma pos­si­bi­li­dade legítima de mul­ti­pli­car os seus retornos. No modelo capi­ta­lista quem resiste à opor­tu­ni­dade é um não-agente que não deixa qualquer marca na narrativa oficial. Esse indivíduo inad­mis­sí­vel não age raci­o­nal­mente, pelo que não só não contribui e não se beneficia: é para todos os efeitos uma não-pessoa.

O homem não-econômico, que existe à margem do mercado, é des­con­si­de­rado pelo capi­ta­lismo e por isso o capi­ta­lismo pede que o des­con­si­de­re­mos por completo. Mesmo que exista como pos­si­bi­li­dade, ele não é o cara que você vai querer ser. O fun­da­men­ta­lismo de opor­tu­ni­dade não tolera alternativas.

O modelo capi­ta­lista não exige apenas que você deixe de acreditar num modo de vida à margem do mercado. Ele pede que você acredite ati­va­mente que o regime da opor­tu­ni­dade beneficia não apenas os indi­ví­duos empre­en­de­do­res, mas a sociedade como um todo – e, tudo somado, este é um salto de lógica e de fé muito maior.

Na história como contada pelo capi­ta­lismo, a cole­ti­vi­dade inteira se bene­fi­ci­ará se nenhum indivíduo deixar passar uma opor­tu­ni­dade. Se você tirar vantagem, a vantagem se devolverá magi­ca­mente ao mundo. É um dogma impro­vá­vel mas con­ve­ni­ente: nada é mais con­for­ta­dor do que imaginar que os outros se bene­fi­ci­a­rão do meu egoísmo. Nesse modo de ver o mundo minha mes­qui­nhez é nor­ma­li­zada. Sinto-me auto­ri­zado para tirar vantagem de quaisquer cenários: minha fé neu­tra­liza a minha canalhice, confortando-me com a crença de que outros bene­fí­cios (alguns dos quais não saberei nem ao menos prever) brotarão espon­ta­ne­a­mente sociedade afora. Pode parecer que estou pensando só em mim, mas de algum modo mis­te­ri­oso você está ganhando também.

É tudo uma lorota, evi­den­te­mente. Na prática o regime capi­ta­lista acentua as desi­gual­da­des em vez de dis­tri­buir a equidade, mas essas dis­cre­pân­cias são escon­di­das debaixo do dogma da opor­tu­ni­dade. É revelador que o capi­ta­lismo prefira ser chamado de libe­ra­lismo econômico; ele quer estar associado não à desi­gual­dade universal que ocasiona, mas à liberdade universal que apregoa. Na fantasia capi­ta­lista de um universo de agentes livres intei­ra­mente cercados de opor­tu­ni­da­des, ninguém além de você deve sentir-se res­pon­sá­vel pela sua pobreza, pelo seu fracasso, pela sua ina­de­qua­ção. Não culpe o sistema, argu­men­tam os defen­so­res do sistema, porque as opor­tu­ni­da­des estão aí.





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*Fonte: Trecho do Texto "O Custo da Oportunidade", de Paulo Brabo, publicado no site A Bacia Das Almas.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Nexo

(Ana Jacomo)

"Olhando daqui, percebo que pessoas e circunstâncias tiveram um propósito maior na minha vida do que muitas vezes, no momento de cada uma, eu soube, pude, aceitei, ler. Parece-me, agora, que cada uma, no seu próprio tempo, do seu próprio modo, veio somar para que eu chegasse até aqui, embora algumas vezes, no calor da emoção da vez, eu tenha me rendido à enganosa impressão de que veio subtrair. A vida tem uma sabedoria que nem sempre alcanço, mas que eu tenho aprendido a respeitar, cada vez com mais fé e liberdade.

O tempo, de vento em vento, desmanchou o penteado arrumadinho de várias certezas que eu tinha, e algumas vezes descabelou completamente a minha alma. Mesmo que isso tenha me assustado muito aqui e ali, no somatório de tudo, foi graça, alívio e abertura. 

A gente não precisa de certezas estáticas. A gente precisa é aprender a manha de saber se reinventar. De se tornar manhã novíssima depois de cada longa noite escura. De duvidar até acreditar com o coração isento das crenças alheias. A gente precisa é saber criar espaço, não importa o tamanho dos apertos. A gente precisa é de um olhar fresco, que não envelhece, apesar de tudo o que já viu. É de um amor que não enruga, apesar das memórias todas na pele da alma. A gente precisa é deixar de ser sobrevivente para, finalmente, viver. A gente precisa mesmo é aprender a ser feliz a partir do único lugar onde a felicidade pode começar, florir, esparramar seus ramos, compartilhar seus frutos.

Tudo o que eu vivi me trouxe até aqui e sou grata a tudo, invariavelmente. Curvo meu coração em reverência a todos os mestres, espalhados pelos meus caminhos todos, vestidos de tantos jeitos, algumas vezes disfarçados de dor. Eu mudei muito nos últimos anos, mais até do que já consigo notar, mas ainda não passei a acreditar em acaso."







quinta-feira, 3 de julho de 2014

Inspire-se!


Sinta o cheiro da luz, 
E a claridade das flores...
Sinta o calor da chuva,
Tome um banho de sol,
Alimente-se de ar e respire o alimento!
Beije as pessoas com palavras,
Ouça o silêncio,
Beba um sorriso e ofereça o seu...
Não perca uma gota!
Forme canções com gestos,
Escreva com os pés,
Não busque explicação para tudo,
Justifique sua existência...
Não peça nada, mereça tudo!
Esteja, não seja...
Morra de amor...
Viva, antes de morrer!

(Victor Chaves)







quarta-feira, 2 de julho de 2014

Vida, amor e cuidado...


"Não duvide do valor da vida, da paz, do amor, do prazer de viver, de tudo que faz a vida florescer... Mas duvide de tudo que a compromete. Duvide do controle que a miséria, ansiedade, egoísmo, intolerância e irritabilidade exercem sobre você..." 

(Augusto Cury)





quarta-feira, 11 de junho de 2014

Hospitalidade Brasileira (Copa 2014)

“Pardon Anything”
(Gregorio Duvivier*)


Hello, Gringo! Welcome to Brazil. Não repara a bagunça. Don't repair the mess. In Brazil we give two beijinhos. Em São Paulo, just one beijinho. If you are em Minas, it's three beijinhos, pra casar. It's a tradition. If you don't give three kisses, you don't marry in Minas. In the other places of Brazil, you can give how much beijinhos you want. In Rio, the beijinho is in the shoulder.

The house is yours. Fica à vontade. Qualquer coisa é só gritar. Shout. Mas keep calm. Como é que se fala keep calm em inglês? Here the things demoram. It's better to wait seated. Everything is atrasado, it's like subentendido that the person will be atrasada. For a meeting, it's meia hora. For a party, it's two hours. For a stadium, it's one year. For the metrô, it's forever.

Never say you are a gringo. Yes, people love gringo but people also love money and gringos have money so people vai cobrar de você mais money because you are gringo. Say you are from Florianópolis. People de Florianópolis look like gringo and they have a strange sotaque igual like you. People will believe you are from Florianópolis.

Politics is complicated. We don't like Dilma because of corruption but I think she don't rob but people from PT rob and Dilma don't do nothing to stop people robbing but politics is complicated.

Try this moqueca. Put some farofa. Try this açaí. Put some farofa. Try this chicken we call à passarinho because it looks like a little bird. Now put some farofa. Now put some ovo inside the farofa. Mix with some banana. Delicious. You don't have farofa in your country? You know nothing, you innocent.

I'm catholic but I'm also budista and I am son of Oxóssi. How do you say Oxóssi in english? It's the brother of Ogum. You don't know Ogum? They are guerreiros. And my moon is in Áries. Ou seja. Imagine the mess.

Try this xiboquinha. It's cachaça with canela and honey. Try this Jurupiga. It's cachaça with wine. Or maybe it's wine and sugar. Nobody knows. It's delicious. Try this soltinho da Bahia. It's organic. I only smoke when I drink. But the problem is drink a lot. Try this brigadeiro. This is called larica. Now put some farofa. Delicious.

This cup passed really fast. Volte sempre. Come back always! Fica lá em casa. We are family now. You like that? You can keep it. It's your. Faço questão. I make question. Go with god and desculpa qualquer coisa. Pardon anything.




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(*) Gregório Duvivier é ator e escritor. Também é um dos criadores do portal de humor Porta dos Fundos.

(**) FONTE: Folha de São Paulo - Colunas

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Trabalho: Amor feito visível


"Sempre vos disseram que o trabalho é uma maldição e o labor uma desgraça. Mas eu vos digo que, quando trabalhais, desempenhas uma missão que vos foi designada.

Disseram-vos que a vida é escuridão...
No vosso cansaço, repetis o que os cansados vos disseram.

E eu vos digo que a vida é realmente escuridão,
exceto quando há um impulso...
E todo impulso é cego, exceto quando há saber...
E todo saber é vão, exceto quando há trabalho...
E todo trabalho é vazio, exceto quando há amor...

E quando trabalhais com amor,
vós vos unis a vós próprios, e uns aos outros, e a Deus.
E que é trabalhar com amor?

É tecer o tecido com fios desfiados de vosso próprio coração,
como se vosso bem-amado fosse usar esse tecido...
É construir uma casa com afeição,
como se vosso bem-amado fosse habitar essa casa...
É semear as sementes com ternura e recolher a colheita com alegria, como se vosso bem-amado fosse comer-lhe os frutos...
É pôr em todas as coisas que fazeis um sopro de vossa alma.

O trabalho é o amor feito visível...
O trabalho feito com amor provê não só as necessidades do corpo, mas também as da alma."

(Trechos extraídos do texto da Redação do Momento Espírita)





quarta-feira, 4 de junho de 2014

Plenitude...


"Custa tanto ser uma pessoa plena, que muito poucos são aqueles que têm a coragem de pagar o preço. É preciso abandonar por completo a busca da segurança e correr o risco de viver com os dois braços. É preciso abraçar o mundo como um amante. É preciso aceitar a dor como condição de existência. É preciso cortejar a dúvida e a escuridão como preço do conhecimento. É preciso ter vontade obstinada no conflito, mas também uma capacidade de aceitação total de cada consequência do viver e do morrer." 

(Morris West)





terça-feira, 3 de junho de 2014

Busca...


"Não é a toa que entendo os que buscam caminho, como busquei arduamente o meu... E como hoje busco com sofreguidão e aspereza o meu melhor modo de ser. Busco o meu atalho, já que não ouso mais falar em caminho. Eu, que tinha querido o Caminho com letra maiúscula, hoje me agarro ferozmente à procura de um modo de andar, de um passo certo. Mas o atalho, com sombras refrescantes e reflexo de luz entre as árvores, o atalho onde eu seja finalmente eu, isso não encontrei."

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."

(Clarice Lispector)






sexta-feira, 30 de maio de 2014

Não canse quem te quer bem

(Martha Medeiros)


Foi durante o programa Saia Justa que a atriz Camila Morgado, discutindo sobre a chatice dos outros (e a nossa própria), lançou a frase: “Não canse quem te quer bem”. Diz ela que ouviu isso em algum lugar, mas enquanto não consegue lembrar a fonte, dou a ela a posse provisória desse achado.

Não canse quem te quer bem. Ah, se conseguíssemos manter sob controle nosso ímpeto de apoquentar. Mas não. Uns mais, outros menos, todos passam do limite na arte de encher os tubos. Ou contando uma história que não acaba nunca, ou pior: contando uma história que não acaba nunca cujos protagonistas ninguém jamais ouviu falar. Deveria ser crime inafiançável ficar contando longos casos sobre gente que não conhecemos e por quem não temos o menor interesse. Se for história de doença, então, cadeira elétrica.

Não canse quem te quer bem. Evite repetir sempre a mesma queixa. Desabafar com amigos, ok. Pedir conselho, ok também, é uma demonstração de carinho e confiança. Agora, ficar anos alugando os ouvidos alheios com as mesmas reclamações, dá licença. Troque o disco. Seus amigos gostam tanto de você, merecem saber que você é capaz de diversificar suas lamúrias.

Não canse quem te quer bem. Garçons foram treinados para te querer bem. Então não peça para trocar todos os ingredientes do risoto que você solicitou – escolha uma pizza e fim.

Seu namorado te quer muito bem. Não o obrigue a esperar pelos 20 vestidos que você vai experimentar antes de sair – pense antes no que vai usar. E discutir a relação, só uma vez por ano, se não houver outra saída.

Sua namorada também te quer muito bem. Não a amole pedindo para ela explicar de onde conhece aquele rapaz que cumprimentou na saída do cinema. Ciúme toda hora, por qualquer bobagem, é esgotante.

Não canse quem te quer bem. Não peça dinheiro emprestado pra quem vai ficar constrangido em negar. Não exija uma dedicatória especial só porque você é parente do autor do livro. E não exagere ao mostrar fotografias. Se o local que você visitou é realmente incrível, mostre três, quatro no máximo. Na verdade, fotografia a gente só mostra pra mãe e para aqueles que também aparecem na foto.

Não canse quem te quer bem. Não faça seus filhos demonstrarem dotes artísticos (cantar, dançar, tocar violão) na frente das visitas. Por amor a eles e pelas visitas.

Implicâncias quase sempre são demonstrações de afeto. Você não implica com quem te esnoba, apenas com quem possui laços fraternos. Se um amigo é barrigudo, será sobre a barriga dele que faremos piada. Se temos uma amiga que sempre chega atrasada, o atraso dela será brindado com sarcasmo. Se nosso filho é cabeludo, “quando é que tu vai cortar esse cabelo, garoto?” será a pergunta que faremos de segunda a domingo. Implicar é uma maneira de confirmar a intimidade. Mas os íntimos poderiam se elogiar, pra variar.

Não canse quem te quer bem. Se não consegue resistir a dar uma chateada, seja mala com pessoas que não te conhecem. Só esses poderão se afastar, cortar o assunto, te dar um chega pra lá. Quem te quer bem vai te ouvir até o fim e ainda vai fazer de conta que está se divertindo. Coitado. Prive-o desse infortúnio. Ele não tem culpa de gostar de você.



segunda-feira, 19 de maio de 2014

Na luta...


"Não me queixo da vida. Faço o que posso do que fizeram de mim." 
(@pefabiodemelo)



terça-feira, 13 de maio de 2014

O que estamos perdendo nesse exato minuto?


"Essa mídia que chamamos de social é qualquer coisa que faz com que abramos o computador e fechemos as nossas portas...”




domingo, 11 de maio de 2014

Um gesto de amor (Feliz Dia das Mães!)


Um garoto pobre, com cerca de doze anos de idade, vestido e calçado de forma humilde, adentra a loja e pede ao proprietário que embrulhe para presente um sabonete comum.

_É presente para minha mãe, diz com quase orgulho.

O dono da loja ficou comovido diante da singeleza daquele presente. Olhou com piedade para o seu freguês e, sentindo uma grande compaixão, sentiu vontade de ajudá-lo. Pensou que poderia embrulhar, junto com o sabonete comum, algum artigo mais significativo. Entretanto, ficou indeciso: ora olhava para o garoto, ora para os artigos que tinha em sua loja. Devia ou não fazer? O coração dizia sim, a mente dizia não.

O garoto, notando a indecisão do homem, pensou que ele estivesse duvidando de sua capacidade de pagar. Colocou a mão no bolso, retirou as moedinhas que dispunha e as colocou sobre o balcão. O homem ficou ainda mais comovido, quando viu as moedas, de valor tão insignificante. Continuava seu conflito mental. Em sua intimidade concluíra que, se o garoto pudesse, ele compraria algo bem melhor para sua mãe.

Lembrou de sua própria mãe. Fora pobre e muitas vezes, em sua infância e adolescência, também desejara presentear sua mãe. Quando conseguiu emprego, ela já havia partido para o mundo espiritual. O garoto, com aquele gesto, estava mexendo nas profundezas do seu sentimento.

Do outro lado do balcão, o menino começou a ficar ansioso. Alguma coisa parecia estar errada. Por que o homem não embrulhava logo o sabonete? Ele já escolhera, pedira para embrulhar e até tinha mostrado as moedas para o pagamento. Por que a demora? Qual o problema?

No campo da emoção, dois sentimentos se entreolhavam: a compaixão do lado do homem, a desconfiança por parte do garoto. Impaciente, ele perguntou: 

_Moço, está faltando alguma coisa?

_Não, respondeu o proprietário da loja, é que de repente me lembrei de minha mãe. Ela morreu quando eu ainda era muito jovem. Sempre quis dar-lhe um presente, mas, desempregado, nunca consegui comprar nada.

Na espontaneidade de seus doze anos, perguntou o menino: 

_Nem um sabonete?

O homem se calou. Refletiu um pouco e desistiu da ideia de melhorar o presente do garoto. Embrulhou o sabonete com o melhor papel que tinha na loja, colocou uma fita e despachou o freguês sem responder mais nada. A sós, pôs-se a pensar. Como é que ele nunca pensara em dar algo pequeno e simples para sua mãe? Sempre entendera que presente tinha que ser alguma coisa significativa, tanto assim que, minutos antes, sentira piedade da singela compra e pensara em melhorar o presente adquirido. Comovido, entendeu que, naquele dia, tinha recebido uma grande lição. Junto com o sabonete do menino, seguia algo muito mais importante e grandioso, o melhor de todos os presentes: o gesto de amor!

* * *

Invista no amor! Ele é o mais poderoso meio de tornar as pessoas felizes. Em qualquer circunstância, em qualquer data especial para determinadas comemorações, o mais importante não é o que se dá, mas como se dá.

Todo presente deve se revestir de sentimento e não deve haver diferença entre homenagens a uma pessoa pobre ou a uma pessoa rica. A expressão deve ser sempre do afeto. O que se deve dar é o coração a vibrar em amor.

O valor do presente não está no quanto ele vai aumentar o conteúdo das caixas registradoras, mas sim o quanto ele somará na contabilidade do coração.



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Redação do Momento Espírita, com base no cap. 20, do livro Novas histórias que ninguém contou, novos conselhos que ninguém deu, de Melcíades José de Brito, ed. DPL.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 4, ed. FEP.
Em 2.5.2014

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Por todos os caminhos do mundo...



"A minha poesia é assim como uma vida que vagueia pelo mundo... 
Por todos os caminhos do mundo... 
Desencontrados como os ponteiros de um relógio velho
que ora tem um mar de espuma, calmo como o luar num jardim noturno...
Ora um deserto que o simum veio modificar...
Ora a miragem de se estar perto do oásis... 
Ora os pés cansados, sem forças para ir além. 

Que ninguém me peça esse andar certo 
de quem sabe o rumo e a hora de o atingir... 
A tranquilidade de quem tem na mão o profetizado 
de que a tempestade não lhe abalará o palácio... 
A doçura de quem nada tem a regatear... 
O clamor dos que nasceram com o sangue a crepitar. 

Na minha vida nem sempre a bússola se atrai ao mesmo norte. 
Que ninguém me peça nada. Nada. 
Deixai-me com o meu dia que nem sempre é dia, 
com a minha noite que nem sempre é noite,
como a alma quer... 

Não sei caminhos de cor." 

(Fernando Namora em 'Mar de Sargaços'.)





quarta-feira, 16 de abril de 2014

Aborrecimentos


Nada mais comum do que o hábito enraizado das querelas, dos desentendimentos, das chateações. Nada mais corriqueiro entre os indivíduos humanos.

Como um campo de meninos, em que cada gesto, cada nota, cada menção se torna um bom motivo para contendas e mal-entendidos, também na sociedade dos adultos o mesmo fenômeno ocorre.

Mais do que compreensível é que você, semelhante a um menino de pavio curto, libere adrenalina nos episódios cotidianos que desafiem a sua estabilidade emocional. Compreensível que se agite, que se irrite, que alteie a voz, que afivele ao rosto expressões feias de diversos matizes. Em virtude do nível do seu mundo íntimo, tudo isso é possível de acontecer.

Contudo, você não se acha no mundo para fixar deficiências, mas para tratá-las, cultivando a saúde. Não está aqui para submeter-se aos impulsos irracionais, mas para fazê-los amadurecer para os campos da razão lúcida. Você não nasceu para se deixar levar pelo destempero, pela irritação que desarticula o equilíbrio, mas tem o dever de educar-se, porque tem na pauta da sua vida o compromisso de cooperar, à medida que cresça, que amadureça, que se enobreça.

Desse modo, os seus aborrecimentos diários, embora sejam admissíveis em almas infantis e destemperadas, já começam a provocar ruídos infelizes, desconcertantes e indesejáveis, naqueles que se encontram no mundo para dar conta de compromissos. Assim, observe-se. Conheça-se no aprendizado do bem, um pouco mais. Esforce-se por melhorar-se. 

Perante as perturbações alheias, aprenda a analisar e não repetir. Diante da rebeldia de alguém, analise e retire a lição para que não faça o mesmo. Notando a explosão violenta de alguém, reflita nas consequências danosas, a fim de não fazer o mesmo.

Cada esforço que você fizer por melhorar-se, por educar-se, será secundado pela ajuda daqueles que estão, em todo tempo, investindo no seu progresso para que, pouco a pouco, mas sempre, você cresça.

Quando for visitado por uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponha-se a ela. E quando houver conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, diga, de si para consigo, cheio de justa satisfação: Fui o mais forte.


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Redação do Momento Espírita com base no livro Para uso diário (Raul Teixeira).

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Emocione-se!


Histórias de amor sempre nos emocionam e essa é mais uma delas. Jim Zetz, de 62 anos, sempre sonhou em poder prestigiar o casamento de sua filha Josi Zetz, que na ocasião tinha 11 anos. O problema é que, por causa de um câncer terminal no pâncreas, talvez ele não pudesse estar presente quando acontecesse.

Por isso, a família decidiu criar uma cerimônia simbólica, com direito a vestido branco e flores, para que pai e filha pudessem realizar o sonho de viver esse momento juntos. O pai levou a menina até o altar e colocou uma aliança no seu dedo, representando o laço do dois.

A festa foi uma surpresa para Josi, que ficou sabendo de tudo somente quando saiu da escola num dia qualquer. Quem documentou esse evento emocionante foi Lindsey Villatoro, fotógrafa especializada em ensaios para pessoas com doenças graves.



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Texto retirado de : Hypeness em 07/04/14


A lei do trabalho


"Quem foi que teve a infeliz ideia de dizer, um dia, que o trabalho enobrece o homem?" Este foi o desabafo de um jovem, retornando ao lar, verdadeiramente exausto, ao final do expediente.

Pelo mundo afora, nas variadas culturas de cada época, o trabalho tem sido considerado como um verdadeiro castigo. Não são poucos os que ficam aguardando ganhar um bom dinheiro na loteria, em jogos de azar, ou, quem sabe, uma herança, para se verem liberados do trabalho. Há quem olhe para os que têm muito dinheiro e afirmem: "No lugar dele, eu não trabalharia." "Ah, se eu fosse filho de Fulano, teria uma vida muito sossegada."

Desde a sua infância, possivelmente você vem tendo a mente enxertada pelas ideias de que o trabalho na Terra tem dois únicos objetivos: ganhar dinheiro e enfadar as pessoas. Por causa disso, quantas vezes já não praguejou por ter que se deslocar, em dias frios, chuvosos, para ir ao trabalho? Quantas vezes, na segunda-feira, já não se perguntou: "Quem foi que inventou o trabalho?" Ou: Não daria para se trabalhar sábado e domingo, e festar os outros dias, invertendo a ordem existente?

Num mundo cheio de reveses, de dores, de acidentes diversos, é de se supor que os seus habitantes não se sintam contentes com tudo o que os retira de sua comodidade. No entanto, para o nosso próprio crescimento, outra postura é esperada. O trabalho representará sempre o necessário arrimo moral, a indispensável defesa do mal e do crime. Embora, por nos encontrarmos num mundo de provações, possa o trabalho profissional sofrer percalços e dificuldades, nunca terá como missão impor nenhum tipo de sofrimento.

Valorize, assim, o seu trabalho, esmerando-se no desempenho da sua profissão. Ofereça o seu esforço para realizar o que seja mais importante na faixa da sua ocupação. O trabalho valoriza a pessoa que o realiza. Graças a ele, cada indivíduo se sente alguém e torna-se útil nas rotas da sociedade.

Por isso, sinta-se dedicado ao que faz, por mais simples que seja a sua atividade. Se se sentir espoliado, perante as leis constituídas do mundo, você tem o direito de questionar. No entanto, verifique a importância de também dar boa conta dos seus deveres. O bom trabalhador não é somente o que discute bem, o que faz maravilhosas propostas aos patrões ou aos seus associados, ou o que alcança prodígios de liderança. É, sobretudo, aquele que se dedica em aperfeiçoar as próprias condições, fazendo-se melhor habilitado para o labor que lhe cabe realizar.

Busque aprimorar-se como profissional. Não pare no tempo em questão de conhecimentos e de práticas. Supere-se. Evite vincular-se às mentes que têm o trabalho como mal, uma vez que o trabalho é quesito importante para seu aperfeiçoamento. Trabalhe com alegria e com vontade de ser útil, ainda que a sua ocupação não seja das mais agradáveis, das mais apreciadas ou das mais procuradas. Tenha em mente que é a sua profissão o campo de valorização de suas habilidades, e não se esqueça de que toda ocupação útil é trabalho. Aprenda a tornar valiosa a sua ocupação, profissional ou não, e seja grato por poder exercê-la.




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Redação do Momento Espírita com base no cap. 9 do livro Para uso diário, psicografia de
J. Raul Teixeira, ed. Fráter.

domingo, 6 de abril de 2014

GENTILEZA: instrumento de transformação!

Há tesouros que só a gentileza conquista. Que tal começarmos bem o dia fazendo a diferença de forma positiva na vida de alguém? :) 

Abraço a todos!


domingo, 30 de março de 2014

A cólera


O orgulho vos induz a julgar-vos mais do que sois; a não suportardes uma comparação que vos possa rebaixar (...). Pesquisai a origem desses acessos de demência passageira que vos assemelham ao bruto, fazendo-vos perder o sangue-frio e a razão; pesquisai e, quase sempre, deparareis com o orgulho ferido. (...) Até mesmo as impaciências, que se originam de contrariedades muitas vezes pueris, decorrem da importância que cada um liga à sua personalidade, diante da qual entende que todos se devem dobrar. 

Em seu frenesi, o homem colérico a tudo se atira: à natureza bruta, aos objetos inanimados, quebrando-os porque lhe não obedecem. Ah! se nesses momentos pudesse ele observar-se a sangue-frio, ou teria medo de si próprio, ou bem ridículo se acharia! Imagine ele por aí que impressão produzirá nos outros. Quando não fosse pelo respeito que deve a si mesmo, cumpria-lhe esforçar-se por vencer um pendor que o torna objeto de piedade. 

Se ponderasse que a cólera a nada remedeia, que lhe altera a saúde e compromete até a vida, reconheceria ser ele próprio a sua primeira vítima. Outra consideração, sobretudo, devera contê-lo: a de que torna infelizes todos os que o cercam. Se tem coração, não lhe será motivo de remorso fazer que sofram os entes a quem mais ama? E que pesar mortal se, num acesso de fúria, praticasse um ato que houvesse de deplorar toda a sua vida! 

Em suma, a cólera não exclui certas qualidades do coração, mas impede se faça muito bem e pode levar à prática de muito mal. Isto deve bastar para induzir o homem a esforçar-se pela dominar. (Bordéus, 1863.)

Segundo a ideia falsíssima de que não lhe é possível reformar a sua própria natureza, o homem se julga dispensado de empregar esforços para se corrigir dos defeitos (...). É assim, por exemplo, que o indivíduo propenso a encolerizar-se quase sempre se desculpa com o seu temperamento (...).

Indubitavelmente, temperamentos há que se prestam mais que outros a atos violentos (...). Não acrediteis, porém, que aí resida a causa primordial da cólera. Um espírito pacífico, ainda que num corpo bilioso, será sempre pacífico, e que um espírito violento, mesmo num corpo linfático, não será brando (...). Não dispondo de um organismo próprio a lhe secundar a violência, a cólera tornar-se-á concentrada, enquanto no outro caso será expansiva.

O corpo não dá cólera àquele que não na tem, do mesmo modo que não dá os outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao espírito. (...) O homem não se conserva vicioso, senão porque quer permanecer vicioso; (...) aquele que queira corrigir-se sempre o pode. De outro modo, não existiria para o homem a lei do progresso. (Paris, 1863.)




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KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 131. ed. Brasília: FEB, 2013. Cap. IX, item 9, 10, p. 138-140.

quinta-feira, 20 de março de 2014

A vida é tão rara...


paciencia by Lenine on Grooveshark


 Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma...
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma...
A vida não pára.

Enquanto o tempo acelera e pede pressa,
Eu me recuso, faço hora, vou na valsa...
A vida é tão rara!

Enquanto todo mundo espera a cura do mal,
E a loucura finge que isso tudo é normal,
Eu finjo ter paciência…

O mundo vai girando cada vez mais veloz...
A gente espera do mundo, e o mundo espera de nós...
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara!

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma...
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma...
Eu sei, a vida não pára.
A vida não pára, não...

(Lenine) 





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