quarta-feira, 7 de maio de 2014

Por todos os caminhos do mundo...



"A minha poesia é assim como uma vida que vagueia pelo mundo... 
Por todos os caminhos do mundo... 
Desencontrados como os ponteiros de um relógio velho
que ora tem um mar de espuma, calmo como o luar num jardim noturno...
Ora um deserto que o simum veio modificar...
Ora a miragem de se estar perto do oásis... 
Ora os pés cansados, sem forças para ir além. 

Que ninguém me peça esse andar certo 
de quem sabe o rumo e a hora de o atingir... 
A tranquilidade de quem tem na mão o profetizado 
de que a tempestade não lhe abalará o palácio... 
A doçura de quem nada tem a regatear... 
O clamor dos que nasceram com o sangue a crepitar. 

Na minha vida nem sempre a bússola se atrai ao mesmo norte. 
Que ninguém me peça nada. Nada. 
Deixai-me com o meu dia que nem sempre é dia, 
com a minha noite que nem sempre é noite,
como a alma quer... 

Não sei caminhos de cor." 

(Fernando Namora em 'Mar de Sargaços'.)





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